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22 de março de 2014

Um seis para Portugal.

Portugal tem vindo a enraizar um sistema de jogo baseado no 433, seja este com um duplo pivôt defensivo, seja com apenas um, seja algo parecido com o sistema que temos actualmente em que ninguém é especialmente bom a defender ou a atacar.

Desde Costinha que não conseguimos encontrar um trinco com capacidade para sozinho comandar o meio, ficando apenas um box-to-box a fazer o apoio e transporte de bola. Desde a sua saída vários sistemas têm sido testados, e a única coisa que parece certa é a qualidade de Moutinho, mas mesmo este parece algo deslocado, pois não é jogador para ser o principal responsável pelo meio campo ofensivo.

Faz tempo que aguardamos a naturalização de Fernando, um jogador de inquestionável qualidade, que em qualquer outra altura teria lugar na selecção. Então, agora que esse processo está praticamente concluído, qual é o problema? O "problema" é um jovem que esta época despontou no Sporting, William Carvalho.


William Carvalho inicia a pré-época com a ilusão de ficar na equipa, mas sempre a pensar num eventual empréstimo. Rinaudo é o menino querido dos adeptos, tem garra, empenho, solidez defensiva, alguma agressividade que lhe trazia alguns problemas disciplinares, mas uma personalidade que o tornava um dos capitães da equipa, e um dos jogadores mais respeitados do balneário. Não era um cenário agradável para o jovem jogador.

De forma algo imprevisível eis que William inicia a época a titular e, surpresa das surpresas, com uma qualidade de jogo assinalável. Tirando o início fulgurante de Montero, parecia que William se estava a tornar a nova coqueluche leonina. Restava saber se era apenas fogo de vista, ou se estava para durar.

Estava para durar, o que nos leva a este ponto e a esta crónica. William evoluiu imenso esta época, começou a jogar apenas de forma segura, sem complicar, jogando o mais simples possível, mas com o andamento da época a melhoria da qualidade de jogo foi significativa. William parece ser um jogador capaz de transportar jogo com qualidade, os pontuais e pertinentes passes longos ou a "rasgar" são duma qualidade e pertinência assinaláveis. Fernando é um 6 exemplar, teria lugar em qualquer equipa de topo, possivelmente seria convocado para a maioria das selecções mundiais, mas agora, quando comparado com um garoto de 21 anos parece ser muito mais limitado, especialmente quando olhamos ao potencial de cada um deles. William já é um jogador mais completo que Fernando, se tudo correr normalmente a diferença entre ambos aumentará ainda mais.

Parece estar na altura de reformar o Meireles ou, de forma mais imediata, tirar o Miguel Veloso do 11 nacional. William será o dono do nosso meio campo por muitos e bons anos, e acaba de nos poupar a todos a horas e horas de artigos, debates e programas de televisão onde se debate a convocatória de jogadores naturalizados em clima de amena, agradável e tolerada xenofobia.

8 comentários:

  1. Encontramos um 6 prontinho a jogar pela selecção e com grande margem de progressão... Realmente facilita muita coisa, especialmente a história dos debates acerca da naturalização dos jogadores, sempre tão interessantes!

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    1. Impressionante a capacidade como um país tão pequeno se reinventa permanentemente no panorama futebolístico. Espero que essa nossa característica não mude.

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  2. Acho que neste momento têm os dois lugar na selecção, a titulares, até porque o William poderá jogar como um 8, mais livre de missões defensivas, deixando esse papel para o Fernando :)

    William - Fernando - Moutinho

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    1. Não quis chegar a tanto durante o artigo, mas nada me impede de o fazer nos comentários, extrapolando um pouco sobre o que será o futuro. Creio que com a sua natural evolução o William se tornará mais num Touré (do City) que num Busquets (Barça), mas acho que lhe falta algo para ser um verdadeiro transportador de jogo.

      Pessoalmente não gosto muito de sistemas com 3 jogadores marcadamente defensivos, e quer se queira quer não, Moutinho não é um 10. A um nível mais terreno, basta ver o exemplo que o Benfica nos deu no início da época com o Matic e o Fejsa jogando juntos. Nada de agradável.

      Ambos têm lugar na selecção, isso é inquestionável, na minha opinião, mas a jogar ao mesmo tempo creio que só em jogos contra selecções superiores.

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    2. Não seria um meio campo com 3 jogadores marcadamente defensivos. Seria um meio campo muito forte na recuperação de bolas e na pressão à equipa adversária (essencial, quando temos jogadores como Ronaldo que não têm tarefas defensivas) e juntas uma enorme capacidade de passe (William + Moutinho) e de transporte da bola para a frente.

      O Moutinho não é um 10, mas essa posição no futebol moderno está cada vez mais a perder espaço. No meio campo querem-se jogadores completos, que façam um pouco de tudo, e bem, juntando a isso uma capacidade física invejável.

      É que também, que alternativas tens? Não tens nenhum criativo com qualidades para jogar dita posição "10". Rafa e afins ainda são demaiado verdes para estas andanças

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    3. Concordo em absoluto. O meu post foi numa visão a curto prazo. Tenho sérias dúvidas que o Paulo Bento leve ambos os jogadores à selecção para este Mundial, especialmente porque nenhum dos dois "faz parte do grupo actual", e mesmo que leve, e sabendo que o William pode perfeitamente fazer o papel de interior, ainda preferia vê-lo como trinco, e aproveitar os últimos cartuchos do Meireles.

      A médio prazo, dada a ausência de alternativas e caso haja tomates para tal, parece a melhor solução.

      PS: também concordo que o 10 deixou de existir no futebol moderno. Já discuti isso num outro fórum dum jogo online. Os actuais simplesmente jogam encostados numa ala, ou simplesmente não jogam. Em alternativa terão uma equipa formatada para os proteger perdendo alguma acutilância ofensiva e segurança defensiva, dadas as particularidades intrínsecas da posição, algo que parece que ambos concordamos.

      Obrigado pela troca de ideias, gosto quando me fazem ver as coisas por outra perspectiva.

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    4. Deste que a discussão se mantenha saudável, é sempre bom ;)

      A questão de irem os dois ao Mundial, não acho descabido. São dois jogadores de enorme qualidade, por muito que não estejam ainda enquadrados com este grupo formado por Paulo Bento, a sua mais valia individual é bastante superior à mais valia do entrosamento dos outros que têm ido à selecção. Paulo Bento a não levar está a cometer um enorme erro. Ir jogar contra a Alemanha por exemplo com jogadores no banco como Rubem Amorim, Josue ou Ruben Micael deixando em Lisboa Fernando e/ou William um crime... Está na altura de o Paulo Bento ter "tomates" e proceder a alterações no seu "core", até porque os dois são titulares de caras...

      O William é mais completo, mas o Fernando é muito superior na recuperação de bola, mas por sua vez a distribuir jogo é bem pior. A não irem os dois em simultâneo, quem for (se for) terá que ocupar a posição de trinco, porque Miguel Veloso é inferior a qualquer um dos dois. Isto depois também abre outras possibilidades, deixando que por exemplo Veloso suba no terreno onde possa fazer melhor uso do seu pé esquerdo. Na minha opinião Raul Meireles já está a dar as ultimas. É essencial talvez no balneário e pela sua experiência, mas para mim seria sempre suplente.

      Mas o melhor meio campo de Portugal será sem sombra de dúvidas William - Fernando - Moutinho. Não passa nada!

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    5. O problema dos seleccionadores em geral é que optam por valorizar o grupo ou os jogadores.

      Scolari valorizava o grupo, no nosso Euro fez as alterações já na competição (Retirou o Petit, e o Rui Costa para meter o Costinha e o Deco, já que tenho a ideia do Maniche já ser titular), para colocar os que na altura eram melhores.

      Quando falas em Josué (por exemplo) um jogador que está claramente sobrevalorizado, obviamente que temos que admitir que o Fernando tinha lugar de caras, o meu problema é que acho que apenas entrará um deles, por mim entravam os dois, pois qualquer um deles é superior a grande parte dos outros.

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