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26 de maio de 2014

Vencedor da Champions League.

Disputou-se este sábado a final da Liga dos Campeões num jogo que opôs um lobo com pele de cordeiro, e um lobo vestido de smoking. Após uma época impressionante do Atlético, havia uma boa franja adeptos de futebol que gostariam que levasse o troféu. Aquele futebol de raça, como numa permanente luta de David contra Golias é muito interessante, mas preza-se a grandes correrias e desgaste, e isso notou-se neste jogo. O "mítico" Casillas pode ser o menino querido dos adeptos, mas no que toca a regularidade não é, nem de perto, dos melhores e por pouco não ofereceu a Taça aos rivais de Madrid.

Num futebol algo individualizado, que se nota ainda mais quando Modric apaga, o Real foi paulatinamente superiorizando-se ao Atlético, e a partir do minuto 70 já toda a gente esperava um golo. Surgiu nos descontos, podia ter surgido antes. Com este cenário de estoicismo cada vez mais me parece que foi o egoísmo de Diego Costa, que privou a equipa duma substituição logo aos 9 minutos com a sua brincadeirinha, que tirou a Taça aos seus colegas.

O Real foi um justo vencedor. No prolongamento nas pernas que já tinham acabado há 20 minutos, juntaram-se à fé que acabou com o golo de Sérgio Ramos e tudo se desmoronou.

Parabéns ao vencedor.


No entanto tenho para mim que o verdadeiro vencedor da Champions foi um português de nome Jorge Mendes. O superagente agenciava não mais que 8 atletas (se não me esqueço de ninguém). Di Maria, Pepe, Coentrão e Ronaldo do lado do Real, Tiago, Diego Costa, Adrian Lopez e Miranda do lado do Atlético. Quase uma equipa inteira nas mãos do mesmo agente. O Real Ter gajo ainda deixa o nosso Ronaldo na poule para nova bola de ouro, e ainda nem houve o campeonato do mundo. Que grande jackpot.

Quando se fala à boca pequena da sua influência na construção de planteis, eis que esta montra mostra a qualidade do seu portfólio. Dum lado meninos de gala, do outro guerreiros insaciáveis, ambos duma qualidade ímpar.
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21 de maio de 2014

A Liga ainda não terminou.

Com o campeonato quase a terminar (falta apenas a segunda mão do play-off de subida/descida entre o Paços e o Aves) deixo aqui um brevíssimo resumo de como vi cada uma das equipas esta época.

Benfica

Mau início de época, após uma pré-época mal conseguida. Todos vaticinaram a saída do treinador, mas contra todo o mundo Luís Filipe Vieira segurou Jorge Jesus com os resultados que agora se conhecem. Com um estilo de jogo menos fulgurante, mas mais consistente, a equipa não encontrou adversário interno, conseguiu rodar a equipa (como em épocas anteriores) e mesmo assim ir ganhando. Acabou a época em sofrimento, algo que já foi visível no final da Liga Europa, e gritante na final da Taça de Portugal. Fica na história ao ser a primeira equipa a conquistar 3 competições internas (a Supertaça não costuma ser contabilizada por ser jogo único, mas quem quiser pode contá-la, não faço disto um cavalo de batalha). Um ano para ficar na história do clube.

Sporting

Iniciam a época como underdogs, mas sem que ninguém se aperceba vão conquistando o seu espaço e consolidando o seu jogo. Apenas atingiram um dos seus objectivos, a entrada directa na Liga dos Campeões, mas a eliminação precoce das restantes competições pode ter sido o tónico para a caminhada muito positiva na Liga. Jardim foi parte importante no processo, com algumas decisões corajosas, mas essencialmente há que enaltecer o presidente Bruno Carvalho, que aparenta querer recolocar o Sporting no caminho correcto. No final da época perdeu-se algum do fulgor inicial, algo que pessoalmente não percebo, pois esperava que fosse nesse forcing final que iriam fazer alguma sombra ao Benfica, com muito mais minutos nas pernas. A equipa foi claramente suficiente para consumo interno, sem invenções ou grandes protagonismos individuais (William Carvalho foi a excepção, sendo para mim o melhor jogador deste campeonato com alguma folga), mas com um colectivo a funcionar excepcionalmente.

Porto

Alguns erros na concepção do plantel minaram o trabalho à partida. A falta de alternativas para a defesa lateral, a ausência de extremos rápidos e tecnicamente evoluídos, e um meio campo claramente inferior ao habitual do histórico recente do clube fizeram com que os adeptos não iniciassem o campeonato com a confiança habitual. A mudança do treinador fez o resto. O facto de ser o Porto resolve metade dos problemas, mas esta época foram tantos, e tantas as decisões duvidosas que pouco houve a fazer. A época arrastou-se entre exibições medianas ou simplesmente fracas, com pouca ligação entre sectores, pouco espírito de grupo, pouca garra e vontade de vencer. A partir de certo ponto apenas se esperava pelo final do campeonato, e quanto mais rápido chegasse, melhor.

Estoril

Mais uma época a grande nível, com Marco Silva a mostrar que é treinador para outros voos. Um grupo sólido, com futebol agradável e de tendência ofensiva tornou o Estoril a confirmação deste campeonato. Uma participação europeia sem brilho, mas também sem envergonhar as cores do clube, que teve o mérito de não se deixar deslumbrar por essa conquista. No último jogo do campeonato tinha mais 10 jogos das pernas que o seu adversário, e o melhor que consigo dizer é que não se notou. Alguns valores individuais poderão dar um salto para outros clubes, mas a verdadeira força da equipa foi o colectivo.

Nacional

Quase sem se dar por eles eis que chegam à qualificação europeia. Superiormente trabalhados por Manuel Machado, o Nacional pecou por alguma inconsistência, perdendo pontos onde não se esperava inicialmente, e ganhando outros que eventualmente não estariam nas contas. O aparentemente folgado 5º lugar não foi assim tão simples de obter, começando de baixo para cima, a luta pela Europa esteve ao rubro até bem perto do final do campeonato, sendo o Nacional o clube com mais estofo no lote dos pretendentes, tendo ganho o lugar com mérito.

Marítimo

Olhando simplesmente ao plantel, podíamos esperar algo mais deste Marítimo. Era altura de alguns jogadores passarem de promessas a certezas e isso nunca aconteceu. Um clube vive de vendas, especialmente agora que o dinheiro do governo regional já não chega para tudo e mais umas botas. O mérito de meter a malta da B a render na equipa principal não foi tão evidente esta época, o que associado a algumas contratações menos conseguidas e o aparente desgaste do relacionamento do treinador com os jogadores fez o resto. Considerando tudo isto, acho que a classificação final se adequa ao mérito do clube.

Setúbal

Forte candidato à descida de divisão, acaba a época num excelente 7º lugar, superando qualquer expectativa. Couceiro teve o toque de Midas, valorizando imensos jogadores, acertando nas contratações e empréstimos e, mais que tudo isso, metendo a equipa a jogar à bola de forma alegre e ofensiva. Carregados de malta nova, que certamente trarão muitas alegrias ao clube, fica aqui já o meu voto de surpresa da época.

Académica

A minha Briosa ficou algo aquém das minhas expectativas iniciais, mas olhando a planteis e orçamentos ficou enfeixada no grupo a que realmente pertencia. Com uma solidez defensiva apreciável, pecou na dinâmica ofensiva. Podemos falar na história da manta, o próprio treinador foi pedindo mais meios, e começamos a imaginar outros voos para Sérgio Conceição. Espero que fique mais uma época no clube, que se deixe de comprar por atacado e que a próxima época seja ainda melhor. Vale que esta época não se ficou com o credo na boca até ao fim.

Braga

Um bonito banho de realidade. No futebol não se acerta sempre, embora alguns tenham o mérito de acertar muito mais. Esta vinha a ser a realidade do Braga, que esta época estoirou. Um plantel claramente inferior ao de épocas anteriores, onde eu não via grande potencial para voos maiores. Esta parece-me a classificação adequada a este Braga, não por demérito de qualquer treinador, mas porque apenas é o seu valor. Há muito trabalho a fazer nesta pré-época.

Guimarães

Rui Vitória faz milagres, mas nem tantos. Continuo a achar que o plantel do Vitória é fraquíssimo, com uma ou outra excepção pontual, e que  corre sérios riscos de se afundar se alguma coisa correr mal. Esta época houve vislumbres dessa realidade, se bem que acompanhados duma interessante campanha europeia. Para sobreviver há que continuar a realizar este trabalho, e esta época deu para ver que o treinador é um mágico que mantém tudo colado e a funcionar.

 Rio Ave

Quiçá pudesse fazer muito mais, mas a partir de certa altura focaram-se nas Taças, perdendo alguns pontos aparentemente acessíveis no campeonato. Nuno Espírito Santo fez um óptimo trabalho, mas também tinha óptimos jogadores, pelo menos bem melhores do que agora se faz crer. Uma equipa sólida, com nomes conhecidos do nosso campeonato, bem trabalhados, colectivamente empreendedora. Mesmo aceitando que a época foi memorável, tenho para mim que podiam ter feito bem melhor no campeonato. Na próxima época garantiram competições europeias e a presença em mais uma final.

Arouca
Uma surpresa agradável. Sobe de divisão e reforça-se de forma a ter um 11 interessante, mas pouco mais que isso. Um estilo de jogo pouco interessante, mas necessário dadas as características (ou armas) da equipa. Nunca pareceram estar no mesmo campeonato do Olhanense, p.e., mas eram claros candidatos à descida, e a época da equipa de Pedro Emanuel só pode ser considerado positivo.

Gil Vicente

Nova decepção. O Gil parece aquele clube que promete muito, mas chegando à hora da verdade nunca passa dessa mesma promessa. Alguns nomes interessantes, uma dinâmica de jogo interessante, no entanto sem grandes resultados práticos. Passam, por culpa própria, boa parte da época aflitos, quando podiam ter resolvido mais cedo a classificação final.  Em termos de classificação geral, olhando ao Guimarães, mais podia ter sido feito por João de Deus.

Belenenses

Para mim a incógnita inicial da época. Desde cedo me pareceram os companheiros naturais do Olhanense, mas lá foram pontuando aqui e ali, por vezes de forma surpreendente. Dado o seu historial, pode perfeitamente conseguir consolidar-se na Liga, especialmente se esta alargar mais um pouco, mas têm de fazer mais que isto. Primeiro que tudo meter todas as individualidades a contribuir para a equipa, algo que não foi muito visto esta época.

Paços

Ainda sem certezas sobre a permanência, é desde já a decepção da época. Passa do play-off  da Champions, para o play-off de descida. Impressionante. Foi feito um esforço pela direcção, providenciando alguns nomes conhecidos do meio futebolístico ao treinador, mas estes nunca pareceram muito motivados ou empenhados. A própria escolha de treinador mereceu críticas, mas agora parece consensual que estes não foram o problema da equipa. Iniciando em Costinha, passando por Calisto (o bombeiro do clube) e acabando em Jorge Costa, os jogadores sempre pareceram perdidos em campo, e pouco merecedores da camisola que vestiam. Terá sido o Paços maior que a perna? Talvez. Gostava que se mantivessem, mas se descerem pode ser que esta dose elevada de realidade volte a reorientar o clube nas suas políticas anteriores, tantas vezes elogiadas em vários programas televisivos.

Olhanense

Que espectáculo triste da vida real. Uma feira de vaidades, onde tudo correu mal, fruto também dum planeamento execrável, investimentos duvidosos, escolhas delirantes. Nem no CM consigo conceber este plano a funcionar. Abel Xavier? Cruzes canhoto. Jogadores sem estofo ou vontade, sem fio de jogo, sem projecto. Um clube à beira da falência que parece ter dado o passo final rumo ao abismo. Ou algo muda rápido, ou o clube terá sérias dificuldades apenas em existir.
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