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24 de abril de 2014

Os 5 Monumentos do Ciclismo - Liege-Bastogne-Liege


O 4º monumento da época e último da primavera não apresenta as dificuldades mais relevantes dos anteriores: possui “apenas” 256 km (contra os quase 300 da MSR) e não passa por caminhos de paralelo (como o Tour de Flandres ou o Paris-Roubaix).

No entanto, La Doyenne (significa “a mais antiga", visto ser o monumento mais antigo) apresenta várias dificuldades para os ciclistas. Para a edição 100º da prova (teve a primeira edição em 1892) serão 10 as subidas que terão de ser ultrapassadas.

Ao contrário das colinas (bergs) que são ultrapassadas no Tour de Flandres ou na Amstel Gold Race, aqui as dificuldades são menos inclinadas (entre 5.6% e 12.4% de inclinação média), mas mais extensas (entre 1 e 3.6 km de extensão). Com estas características não é de estranhar que se misturem nesta prova os corredores mais explosivos e os candidatos a vitórias nas provas de três semanas como a Volta a França.



Como muitas das outras provas de um dia, também a Liege-Bastogne-Liege começou em 1892 como forma de publicitar um jornal, o L’Expresss, jornal belga que publicava em língua francesa. Por esta razão, a prova nunca saiu das Ardenas, na parte francófona da Bélgica.

O percurso da prova inicia-se em Liege, no leste da Bélgica e segue mais ou menos a direito em direcção à fronteira com o Luxemburgo durante 95 km, até Bastogne. Aí os corredores dão a volta e seguem de novo para Liege, pelo caminho mais longo e tortuoso, sendo nesses restante 163 km de volta que estão 9 das 10 dificuldades do dia.

Felizmente para os corredores, não se prevê queda de neve para este fim-de-semana, durante a 100ª edição de La Doyenne.




A corrida normalmente é lançada na 7ª dificuldade do dia, o Côte de La Redoute (2 km a 8.9%) que aparece aos 218 km de prova. Do topo de La Redoute até ao final distam 43 km, sendo mais de 4.5 km a subir distribuídos por mais 3 subidas. É neste período que normalmente se verificam os ataques que ditam quem chegará ao final para discutir a vitória. O Côte de Saint-Nicolas (1.2 km a 8.6%) é a última hipótese de quem quer deixar os restantes para trás, aparecendo apenas a 5.5 km da chegada.



Por vezes o maior adversário dos corredores não é a dificuldade do perfil, mas sim o clima. As temperaturas nas Ardenas em Abril costumam variar entre 2 e 9 graus, com grande probabilidade de chuva. No entanto, anos existem em que a neve faz a sua aparição. Num desses anos, em 1980, a neve começou a cair a partir do momento que os corredores saíram de Liege. Com o passar dos quilómetros, os primeiros flocos tornaram-se num temporal e vários corredores começaram a desistir da prova devido ao frio. Ao virar em Bastogne, apenas 21 corredores restavam e o ultimo deles já tinha um atraso de 27 minutos.

O eventual vencedor da prova, Bernard Hinault, já tinha ponderado desistir na ida para Bastogne, mas foi incentivado pelos seus colegas a continuar pelo menos até Bastogne, onde haveria uma zona de alimentação. Após Bastogne, o director desportivo da equipa disse a Hinault que a verdadeira corrida iria começar agora, pelo que ele teria de tirar a capa que trazia e que lhe ia dando algum resguardo contra a neve e o frio. 



Hinault seguiu as instruções recebidas e retirou a capa. Nos quilómetros seguintes, com o frio a fustigar os ciclistas, tinha os dentes a bater e mal sentia as mãos e os dedos. Decidiu então pedalar o mais rápido que pudesse para se manter aquecido e terminar aquele inferno o mais rápido possível. Desta forma chegou a Liege isolado com 10 minutos de avanço, para gáudio da sua equipa, mas enregelado e sem conseguir sentir os braços.

Conforme escreveu Les Woodland, Hinault só não era naquele momento o homem mais infeliz do mundo porque ainda haviam alguns corredores na estrada atrás dele. Já no hotel, não conseguiu entrar para a banheira enquanto a água não estivesse quase fria, tal era o contraste da temperatura, enquanto que demorou cerca de três semanas a conseguir mover normalmente os dedos médio e indicador.

Quanto aos favoritos, dois nomes apresentam-se na linha da frente: Philippe Gilbert, recente vencedor da Amstel Gold Race e da De Brabantse Pijl, e Alejandro Valverde, vencedor da Fléche Wallonne. Ambos se apresentam em bom momento de forma e ambos sabem como a ganhar (Valverde venceu em 2006 e 2008, enquanto que Gilbert venceu em 2011).














De seguida na lista de favoritos aparecem nomes como Daniel Martin, vencedor do ano passado e 2º classificado na Fléche Wallonne, Michal Kwiatkowski, 3º na Fléche Wallonne e 5º na Amstel Gold Race deste ano, Simon Gerans, Joaquim Rodríguez, Roman Kreuziger ou mesmo Rui Costa, que procura a sua primeira vitória com a camisola de campeão do mundo.



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