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21 de abril de 2014

O título de Luís Filipe Vieira

26 de Maio de 2013. Hora: Cerca das 19h00.

O Estádio do Jamor era palco do último tombo encarnado. Depois do ajoelhar de Jesus no Dragão, da machadada na euforia em Amesterdão. Três títulos a fugir aos encarnados nos últimos minutos de jogo no espaço de 15 dias. Este com uma agravante: a discussão, feia, perto da agressão, entre Cardozo e Jorge Jesus.

Nesse dia, e nos dias que se seguiram, soaram os alarmes no Estádio da Luz, dispararam as acusações e traçou-se um destino: o tempo de Jorge Jesus à frente do plantel do Benfica tinha acabado. Era impossível alguém que tivera tudo na mão, tudo deixar fugir.

Porém, indiferente à polémica, indiferente às pressões, indiferente às derrotas um homem deu um murro na mesa e disse "Não". Praticamente contra tudo e contra todos, Luís Filipe Vieira assumiu na plenitude o papel de chefe máximo da tribo encarnada e alertou: Jesus fica.

Muitos dos históricos encarnados e administradores, dirigentes, adeptos, afiaram as facas e "garantiram" que Jesus não terminava a época seguinte. As garras saltam de fora logo no arranque do campeonato. Benfica perde na Madeira com o Marítimo (2-1), empata em Alvalade (1-1) e empata na Luz com o Belenenses (1-1).

Há sexta jornada os encarnados estão já a cinco pontos do líder FC Porto e na Luz volta a soar o grito "Jesus tem de sair". Mais uma vez, quase contra o universo benfiquista, Luís Filipe Vieira volta a dizer "Não" e a segurar o seu treinador.

O virar do campeonato terá começado semanas mais tarde, com o empate do FC Porto em Belém. Uma exibição pobre, pouco conseguida, sem aquele fulgor que quase sempre se via nos campeões nacionais. Nesse fim-de-semana, em Coimbra, o Benfica vencia por 3-0 e aproximava-se do líder, colado ao Sporting.
Na jornada seguinte os encarnados ganham em casa ao Braga enquanto o FC Porto volta a perder pontos. Desta feita em casa, com o Nacional.

Paralelamente a esta corrida de trás para a frente, o Benfica fazia um percurso tímido na Champions. Depois da vitória em casa com o Anderlecht, os encarnados perdiam em Paris, empatavam em casa com o Olympiacos, perdia de seguida na Grécia e via os 16-avos-de-final mais longe, enquanto a porta da Liga Europa se abria de novo.

No meio de tudo isto, e com um plantel mais equilibrado do que o do ano anterior, o treinador do presidente mostrava uma gestão de plantel como há muito não se via e, aproveitando os deslizes dos adversários começa a caminhar para o título. Vira a metade do campeonato na frente, depois de vencer na Luz os azuis e brancos. Apura-se para as meias finais da Taça de Portugal, da Taça da Liga e garante, por fim, uma presença nas meias da Liga Europa.

Ontem, na Luz, o Benfica "fecha" o campeonato. Com sete pontos de avanço para o Sporting. 18 de avanço para o FC Porto (menos um jogo). Os encarnados sagram-se campeões com tantos pontos de avanço para o terceiro classificado, como os que a Olhanense (16.º) tem de atraso para o 6.º classificado (Marítimo).

Se o título ontem conquistado é mérito da preserverança de Jorge Jesus, não é menos fruto da teimosia e da crença de Luís Filipe Vieira. Porque ele foi, desde início, (praticamente) o único que acreditou no treinador que ele escolheu e ele segurou.

Mesmo que Jorge Jesus não ganhe mais nada esta época (e pode ganhar tanto ou mais títulos do que aqueles que poderia ter ganho a época passada), Luís Filipe Vieira já ganhou a sua aposta.

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